A presença taliana no Norte-Nordeste do Brasil remonta ao século XVI. Na então Capitania de Pernambuco, centro da economia canavieira, o senhor de engenho Filippo Cavalcanti, um nobre oriundo da cidade de Florença, casou-se com Catarina de Albuquerque, filha do governador Jerônimo de Albuquerque com a índia Maria do Espírito Santo Arcoverde, dando origem ao clã dos Cavalcantis (ou Cavalcantes, na variante aportuguesada), reconhecido como a maior família do país.
Ainda no Brasil Colônia, foram numerosos os sacerdotes italianos enviados ao país, para trabalhar no processo de evangelização dos povos indígenas. Dois jesuítas italianos, Andreoni e Benci, se destacaram por haver escrito livros sobre o Brasil, no século XVIII. Outros religiosos que se estabeleceram no Nordeste brasileiro foram os capuchinhos, que desbravaram os sertões. Além deles, muitos costureiros, alfaiates, sapateiros, funileiros, caldeireiros e mecânicos se fixaram tanto nas capitais como no interior do Nordeste, a fim de trabalhar.
Em 1837, chega à Bahia um grupo de 62 exilados políticos oriundos da península Itálica, que foram presos devido às agitações políticas que ocorriam no período que antecedeu à unificação da Itália. Estes exilados sensibilizaram-se e aderiram ao movimento revolucionário que ocorria em Salvador, a Sabinada. Alguns foram presos, outros retornaram para a Itália e houve aqueles que mudaram-se para o Rio de Janeiro. Este envolvimento político dos imigrantes fez com que uma nova leva de exilados, oriundos da região de Nápoles, fosse cancelada.
No período imperial havia uma preocupação com a ocupação de posições consideradas importantes para o governo brasileiro e o desejo de “embranquecer” a população. Por isto, o governo passou a desenvolver uma política de colonização, com mais intensidade no sul do país, não só com os italianos, como com outras nacionalidades europeias. Eles se instalaram no país e passaram a se mobilizar por outras Províncias do Império.
Assim, os elementos históricos que unem nosso Estado à Itália possuem vínculos mais que centenários. Ao longo de todo o nosso território encontramos famílias com origens italianas, como ocorre com as famílias “Chiappetta” e “Lagioia”, na cidade de Olinda, e as “Russo” e “Perazzo”, na cidade do Recife, dentre outras tradicionais que fazem parte da história de Pernambuco.
Desde a década de 1930 que a República Italiana mantém representação consular em nosso Estado, sendo ela responsável pela circunscrição que abrange o Nordeste brasileiro. Atualmente a Cônsul é a Sra. Nicoletta Fioroni, uma jovem diplomata que tem empreendido importantes ações em benefício dos trabalhos consulares e da boa relação entre os italianos e brasileiros. Existe, ainda, uma entidade de representatividade da comunidade italiana no Nordeste, denominada “Comites Recife”, cuja finalidade é manter os laços culturais com a Itália, informar o Consulado e o Governo Italiano sobre as necessidades da comunidade e dar parecer sobre projetos em favor dos cidadãos italianos que residam fora do país são os principais objetivos dos Comitês dos Italianos no Exterior.
Sua atual Presidente é a jovem Carolina Russo, membro de uma tradicional família ítalo-brasileira, que vem junto com seus pares buscando oxigenar as ações deste comitê que tem um papel fundamental na integração entre a Itália e Pernambuco. A República Italiana tem gestos concretos de amizade e integração com nosso Estado, citamos a seguir algumas destas importantes iniciativas, culturais e educacionais:
CURSOS DE ITALIANO EM ESCOLAS E UNIVERSIDADES DE PERNAMBUCO
O Governo italiano financia cursos de italiano em escolas e universidades do Estado de Pernambuco há alguns anos, permitindo a jovens em idade escolar e universitária a aprenderem gratuitamente a nossa língua e a nossa cultura. No âmbito do programa Idiomas sem Fronteiras e do acordo entre a Embaixada da Itália em Brasília e a ANDIFES-ISF (Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior – Idiomas sem Fronteiras), a UFPE ativou com sucesso, desde 2016, uma Cátedra de Língua e Cultura italiana. Em 2021, o ensino de italiano também foi introduzido no Colégio de Aplicação da UFPE, com um curso curricular de língua, cultura e literatura italiana para estudantes das escolas superiores. Com cerca de 210 estudantes de italiano, o Colégio de Aplicação do Recife é a única escola federal no nordeste brasileiro a oferecer a oportunidade de aprender italiano dentro do currículo escolar.
O Estado italiano também financia, há 22 anos, através do Centro Cultural ítalo-brasileiro Dante Alighieri de Recife, cursos extracurriculares de italiano junto a instituições escolares do município de Vicência. No momento, são 9 as escolas do município de Vicência, entre escolas primárias e secundárias de primeiro grau, onde os estudantes locais, frequentemente pertencentes a níveis sociais médio-baixos, podem aprender a nossa língua gratuitamente.
EVENTOS CULTURAIS
O Consulado da Itália em Recife organizou ao longo dos últimos anos uma série de iniciativas culturais direcionadas ao público pernambucano, bem como à comunidade italiana. No dia 24 de agosto de 2022, a pianista italiana Cinzia Bartoli, presidente da Associação Musical Dionísio, diretora do Festival de Gevona e professora da Casa da Música de Genova, se exibiu em um concerto de Chopin e Ravel no Teatro Luis Mendonça, em Recife, evento que marcou a cena cultural ítalo-brasileira na última década. Também em 2022, por ocasião da Semana da Culinária Italiana no Mundo, o Consulado da Itália em Recife organizou algumas demonstrações de culinária, com o objetivo de ilustrar aos estudantes do curso de gastronomia de Pernambuco as bases da gastronomia italiana e do correto uso dos produtos da nossa tradição culinária.
Depois de um debate sobre a cozinha italiana, no qual os cozinheiros italianos de Recife puderam responder às curiosidades e perguntas do público presente, os estudantes de gastronomia puderam assistir à preparação artesanal da mussarela e de pratos típicos italianos, como a pizza e o nhoque. O Consulado da Itália em Recife, por fim, aderiu à iniciativa Festival do Cinema italiano no Brasil, promovida pela Câmara de Comércio italiana em São Paulo e pela Embaixada da Itália em Brasília, com a projeção de filmes italianos inéditos e retrospectivos na Fundação Joaquim Nabuco de Recife, com um grande acolhimento e participação de público.
Assim, meus caros pares, através das razões, ora apresentadas, resta comprovado e justificado o merecimento que possui a República da Itália em receber o “Prêmio Internacional País Amigo de Pernambuco”, solicitando, assim, o apoio e aprovação dos senhores para o presente Projeto de Resolução.