Art. 1º Fica o Pintor Cícero Dias declarado Patrono da Estética do Modernismo de Pernambuco. Art. 2º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. Justificativa “Eu vi o mundo… ele começava no Recife.” O Modernismo no Brasil foi um amplo movimento cultural que repercutiu fortemente sobre a cena artística e a sociedade brasileira na primeira metade do século XX. De acordo com alguns estudiosos, Recife foi pioneira desse movimento artístico no Brasil, através das obras de pintores pernambucanos, a exemplo de Cícero Dias, Vicente do Rego Monteiro, da poesia de Manuel Bandeira, da sociologia de Gilberto Freyre dentre outros. Nossas manifestações da cultura popular como o frevo e o cordel e das mudanças urbanísticas ocorridas na cidade naquele período. O Pernambucano Cicero dos Santos Dias nasceu em Escada, em 1907, e faleceu em Paris, França, no ano de 2003. Pintor, gravador, desenhista, ilustrador, cenógrafo e professor. Inicia estudos de desenho em sua terra natal. Em 1920, muda-se para o Rio de Janeiro, se matricula em 1925, nos cursos de arquitetura e pintura da Escola Nacional de Belas Artes. Já em 1929, colabora com a Revista de Antropofagia. Em 1931, no Salão Revolucionário, na ENBA, expõe o grandioso painel, tanto por sua dimensão quanto pela temática, Eu Vi o Mundo… Ele Começava no Recife. A obra apresenta uma série de pequenas cenas, nas quais retoma o universo presente nas aquarelas. O painel causa impacto pelo porte e pela concepção, impregnada de forças misteriosas do inconsciente e é a obra mais destacada do artista, antes de sua viagem para a França. A partir de 1932, no Recife, leciona desenho em seu ateliê. Ilustra, em 1933, Casa Grande & Senzala, de Gilberto Freyre (1900- 1987). Em 1937, é preso no Recife quando da decretação do Estado Novo. A seguir, incentivado por Di Cavalcanti (1897-1976), viaja para Paris onde conhece Georges Braque, Henri Matisse, Fernand Léger e Pablo Picasso, de quem se torna amigo. O tema e a técnica de seus quadros continuam ligados a Pernambuco, o artista mantém a luz e a cor de suas paisagens, como em Mulher na Janela (1939). Na Segunda Guerra Mundial (1939-1945), embora não estivesse mais trabalhando na Embaixada do Brasil, Cicero Dias integra o grupo de brasileiros que são presos e confinados na cidade de Baden-Baden, na Alemanha e seriam trocados por prisioneiros alemães. Entre os companheiros do pintor está o escritor Guimarães Rosa. Após negociações entre os dois países, o grupo de diplomatas e funcionários do governo brasileiro é libertado, seis meses depois, em Portugal, em 1942. Entre 1943 e 1945, vive em Lisboa como Adido Cultural da Embaixada do Brasil. Retorna a Paris onde integra o grupo abstrato Espace. Cícero Dias volta para a França, clandestinamente, vivendo por algum tempo num pequeno quarto de hotel, na cidade de Vichy. Mantém correspondência com amigos, entre eles Picasso e o poeta surrealista Paul Éluard. Com Éluard, vive um dos episódios mais comentados de sua biografia: quando retorna da França para Portugal, acompanhado de sua noiva, traz consigo o poema Liberté, de Paul Éluard. O poema, exaltando a liberdade, é enviado por Cicero para Londres, onde é impresso e espalhado por toda a França ocupada, em voos da Força Aérea Inglesa. Retorna à França em 1945 e integra o grupo abstrato Espace, da Escola de Paris, até 1950. Após 1950, predominam os quadros abstratos, em que se destacam as formas fechadas, retangulares ou tendendo à circularidade, e a preocupação com a luz e as cores claras, em uma gama cromática evocativa da natureza nordestina. Em 1948, realiza o mural do Conselho Econômico do Estado de Pernambuco, atual Secretaria da Fazenda, no Recife. Nele, aproveita, como sempre, elementos da paisagem do Nordeste: canavial, jangadas, o vermelho dos telhados, mas submetendo-os a um processo do qual resultam formas simples e ricas de sugestões poéticas, considerado o primeiro trabalho abstrato do gênero na América Latina. Em 1965, é homenageado com sala especial na Bienal Internacional de São Paulo. Inaugura, em 1991, painel de 20 metros na Estação Brigadeiro do Metrô de São Paulo, e no Rio de Janeiro, é inaugurada a Sala Cicero Dias no Museu Nacional de Belas Artes (MNBA). Recebe do governo francês a Ordem Nacional do Mérito da França, em 1998, aos 91 anos. Sua obra e seu legado são destaque em todo conceitual da arte modernista de muitos países, e o Pintor Cícero Dias é de Escada, é de Pernambuco e é do mundo, e por tal biografia, solicito o apoio dos Nobres Pares na aprovação deste Projeto de Lei.