Art. 1º Fica declarado o Cantor Luiz Gonzaga do Nascimento como Patrono do Forró, Xote, Xaxado e Baião de Pernambuco. Art. 2º Esta Lei entra em vigor na data da sua publicação. Justificativa Luiz Gonzaga do Nascimento nasceu na Fazenda Caiçara, em Exu, Sertão de Pernambuco, no dia 13 de dezembro de 1912. Filho de Januário José dos Santos, o mestre Januário, “sanfoneiro de 8 baixos” e Ana Batista de Jesus. Foi um dos maiores músicos brasileiros. Sanfoneiro, cantor e compositor, recebeu o título de “Rei do Baião”. Foi responsável pela valorização dos ritmos nordestinos em todo o país, levou o forró, o baião, o xote e o xaxado além das fronteiras de Pernambuco e da Região Nordeste. A música “Asa Branca” feita em parceria com Humberto Teixeira, gravada por Luiz Gonzaga no dia 3 de março de 1947, virou hino do Nordeste brasileiro. Desde menino, igual a milhares de meninos do sertão, Luiz Gonzaga já pegava na enxada, mas preferia ficar olhando o pai tocar sua sanfona. Logo aprendeu a tocar e animar as festinhas da região. Cresceu ajudando o pai na roça e na sanfona, e aos 13 anos, Luiz comprou sua primeira sanfona. O primeiro dinheiro que ganhou foi tocando em um casamento, ali sentiu que a música era seu destino. Em 1929, com 17 anos, por causa de um namoro proibido pela família da moça, Luiz fugiu para o mato. Mas a fuga maior foi quando deixou a casa para uma festa no Crato, no Ceará. Luiz Gonzaga vende sua sanfona e vai para Fortaleza, onde busca no Exército uma vida melhor. Com a Revolução de 30, viaja pelo país. Era o corneteiro da tropa. Em 1933, servindo em Minas Gerais, não entrou para a orquestra do quartel, pois não sabia a escala musical. Manda fazer uma sanfona e decide ter aulas com Domingos Ambrósio, famoso sanfoneiro de Minas. Transferido para Ouro Fino, sul de Minas, tocou pela primeira vez em um clube. Em 1939, enquanto esperava o navio para voltar para Pernambuco, Luiz ficou no Batalhão de Guardas do Rio de Janeiro, quando um soldado o aconselhou a ganhar dinheiro tocando na cidade. Nessa época, seu repertório era o exigido pelo público: tangos, fados, valsas e foxtrotes. Nesse ritmo fez sua primeira tentativa no rádio, em programa de calouros de Silvino Neto e Ari Barroso, mas sua nota não passava de 3. Em 1940, um grupo de estudantes cearenses o aconselhou a tocar as músicas dos sanfoneiros do sertão nordestino. Ao participar do programa tocando Vira e Mexe, Luiz ganha nota 5 e o prêmio de primeiro lugar. Certo dia, Luiz foi procurado por Januário França, para acompanhar Genésio Arruda numa gravação. Luiz se saiu tão bem que foi convidado pelo diretor artístico da RCA, Ernesto Morais, para gravar um disco. No dia 14 de março de 1941, Luiz gravou dois discos como solista de sanfona. No primeiro: a mazurca Véspera de São João e Numa Seresta. No segundo: Saudade de São João del Rei e Vira e Mexe, um chamego de sua autoria. Durante cinco anos, Luiz Gonzaga gravou cerca de setenta músicas, das quais apenas 10 eram chamegos. Fez carreira no rádio e começou a luta para cantar e gravar as músicas nordestinas. Fez parceria com Miguel Lima, que colocava letras em suas músicas, mas só em 11 de abril de 1945 gravou seu primeiro disco como sanfoneiro e cantor com a música Dança Mariquinha. Foi em busca de um parceiro nordestino e conhece o advogado cearense Humberto Teixeira, era o início de uma parceria que veio durar cinco anos. Luiz Gonzaga lançou músicas com versos simples, impregnado de modismos nordestinos. Sua música agora seria acompanhada de sanfona, triângulo e zabumba. Entre os sucessos da parceria, destacam-se: Baião, Asa Branca, Kalu, Paraíba, Assum Preto entre tantas. A música Asa Branca foi um dos primeiros grandes sucessos nacionais de Luiz Gonzaga. O disco original foi lançado pela RCA, no dia 3 de março de 1947. Segundo Luiz Gonzaga, a música nasceu como toada, com raízes folclóricas. Com letra de Humberto Teixeira e música de Luiz Gonzaga, Asa Branca retrata o sofrimento do povo do Sertão do Nordeste brasileiro diante da seca que assola a região. Asa Branca foi gravada por diversos cantores, entre eles, Dominguinhos, Sérgio Reis e Baden Pawell. Depois de longos anos, Luiz Gonzaga volta para sua terra natal. Vai ao Recife e se apresenta em vários programas de rádio. Em 1949 leva sua família para morar no Rio de Janeiro. Nesse mesmo ano, volta ao Recife, quando conhece o médico Zé Dantas, que sabia cantarolar todas as suas músicas. Foi o início de uma parceria que lançou os sucessos: Vem Morena, A Dança da Moda, Cintura Fina, A Volta da Asa Branca. Entre 1948 e 1954, Luiz Gonzaga morou em São Paulo, de onde viajava para todo o país. O seu sucesso não parou mais. Em 1980, Luiz Gonzaga cantou para o Papa João Paulo II, em Fortaleza. Convidado pela cantora amazonense Nazaré Pereira, se apresentou em Paris. Recebeu o prêmio Nipper de ouro e dois discos de ouro. Luiz Gonzaga foi pai de Luiz Gonzaga do Nascimento Júnior, o cantor Gonzaguinha. E em 21 de junho de 1989, foi internado no Recife, Pernambuco, no Hospital Santa Joana, já bastante debilitado. No dia 2 de agosto de 1989 faleceu vítima de uma parada cardíaca. Graças ao talento e persistência de Luiz Gonzaga, nosso eterno Rei do Baião, a cultura nordestina pode ser conhecida e reconhecida por todo Brasil e em diversas partes do mundo. Com a obra de Gonzaga, toda uma leva de artistas do nordeste conseguiram firmar-se no cenário das Artes Brasileiras, desde os cantores, compositores, artesãos, xilografias, pintores e toda uma geração de homens e mulheres das artes do sertão nordestino. Diante de tantas realizações em prol do reconhecimento da cultura sertaneja de Pernambuco, solicito dos Nobres Pares a aprovação deste Projeto de Lei.