PROJETO DE LEI:

1208/2020

EMENTA:

Adota Ariano Vilar Suassuna como Patrono da Cultura de Pernambuco.

TEOR:

Art. 1º Fica declarado Ariano Vilar Suassuna como Patrono da Cultura de Pernambuco. Art. 2º Esta Lei entra em vigor na data da sua publicação. Justificativa Ariano Vilar Suassuna nasceu na cidade de Parahyba, atual João Pessoa, no dia 16 de junho de 1927. Em seguida, a família passou a morar no sertão, na Fazenda Acauã, em Sousa, e também em Taperoá, onde morou de 1933 a 1937. Nessa cidade, Ariano fez seus primeiros estudos e assistiu pela primeira vez a uma peça de mamulengos e a um desafio de viola, cujo caráter de “improvisação” seria uma das marcas registradas também da sua produção teatral. A partir de 1942 passou a viver em Recife, e como seu amor por Pernambuco era visceral, desde os seus 15 anos de idade ele adotou nosso estado com sua pátria. Em 1945, terminou os estudos secundários no Ginásio Pernambucano, no Colégio Americano Batista e no Colégio Osvaldo Cruz. No ano seguinte ingressou na Faculdade de Direito do Recife, onde formou-se em Ciências Jurídicas e Sociais, em 1950. Ariano Suassuna estreou seus dons literários precocemente no dia 7 de outubro de 1945, quando o seu poema “Noturno” foi publicado em destaque no Jornal do Commercio do Recife. Na Faculdade de Direito do Recife, conheceu Hermilo Borba Filho, com quem fundou o Teatro do Estudante de Pernambuco. Em 1947, escreveu sua primeira peça, Uma Mulher Vestida de Sol. Em 1948, sua peça Cantam as Harpas de Sião (ou O Desertor de Princesa) foi montada pelo Teatro do Estudante de Pernambuco, em Seguida Os Homens de Barro . Seguiram-se Auto de João da Cruz, de 1950, que recebeu o Prêmio Martins Pena. No mesmo ano, volta a Taperoá, para curar-se de uma doença pulmonar e lá escreve e monta a peça Torturas de um Coração. Retorna a Recife onde, entre 1952 e 1956, dedica-se à advocacia e ao teatro. Em 1953 escreve O Castigo da Soberba, depois vieram O Rico Avarento (1954) e o aclamado Auto da Compadecida, de 1955, que o projetou em todo o país. Em 1962, o crítico teatral Sábato Magaldi diria que a peça é” o texto mais popular do moderno teatro brasileiro”. Sua obra mais conhecida, já foi montada exaustivamente por grupos de todo o país, além de ter sido adaptada para a televisão e para o cinema. Em 1956, afasta-se da advocacia e torna-se professor de Estética da Universidade Federal de Pernambuco, onde se aposentaria em 1994. Em 1957 vieram O Santo e a Porca e O Casamento Suspeitoso. Depois vieram O Homem da Vaca e o Poder da Fortuna (1958) e A Pena e a Lei (1959), premiada dez anos depois no Festival Latino-Americano de Teatro. Ainda em 1959, funda o Teatro Popular do Nordeste, também com Hermilo Borba Filho, onde monta as peças Farsa da Boa Preguiça (1960) e A Caseira e a Catarina (1962). Em 1976, defende a tese de livre-docência A Onça Castanha e a Ilha Brasil: Uma Reflexão sobre a Cultura Brasileira. De formação calvinista e posteriormente agnóstico, converteu-se ao catolicismo, por influência de sua esposa Zélia, com quem se casou em 19 de janeiro de 1957. Estas três vertentes influenciariam sua obra de forma significativa. Membro fundador do Conselho Federal de Cultura (1967–1973); nomeado, pelo Reitor Murilo Guimarães, diretor do Departamento de Extensão Cultural da UFPE (1969–1974). Ligado diretamente à cultura, iniciou em 1970, no Recife, o “Movimento Armorial”, interessado no desenvolvimento e no conhecimento das formas de expressão populares tradicionais. Esse movimento procurava orientar para esse fim todas as formas de expressões artísticas: música, dança, literatura, artes plásticas, teatro, cinema, arquitetura, entre outras expressões. Foi Secretário de Educação e Cultura do Recife, de 1975 a 1978 e Secretário de Cultura do Estado de Pernambuco, no Governo Miguel Arraes, de 1994 a 1998. Entre 1956 e 1976, dedicou-se à prosa de ficção, publicando História de Amor de Fernando e Isaura” (1956), O Romance d’A Pedra do Reino”, o Príncipe do Sangue do Vai-e-Volta (1971), e História d’O Rei Degolado nas Caatingas do Sertão (1976). No mesmo ano, defende sua tese de livre-docência, intitulada A Onça Castanha e a Ilha Brasil: Uma Reflexão Sobre a Cultura Brasileira. Ariano afirmava: “Você pode escrever sem erros ortográficos, mas ainda escrevendo com uma linguagem coloquial.” No ano seguinte foi encenada a sua peça O Casamento Suspeitoso, em São Paulo, pela Cia. Sérgio Cardoso, e O Santo e a Porca. Ariano Suassuna construiu em São José do Belmonte, Pernambuco, onde ocorre a cavalgada inspirada no Romance d’A Pedra do Reino, um santuário ao ar livre, constituído de 16 esculturas de pedra, com 3,50 m de altura cada, dispostas em círculo, representando o sagrado e o profano. As três primeiras são imagens de Jesus Cristo, Nossa Senhora e São José, o padroeiro do município. Em dezembro de 2017, foi publicada sua obra inédita e póstuma A Ilumiara – Romance de Dom Pantero no Palco dos Pecadores. A organização do trabalho foi feita por sua família, reunindo os escritos que Suassuna levou seus últimos trinta anos de vida para escrever. A obra é dividida em dois volumes, O Jumento Sedutor e O Palhaço Tetrafônico e é considerada pela crítica seu “testamento literário”, tendo sido finalizada pouco antes de sua morte. O próprio Suassuna considerava a obra como “o livro da sua vida”. Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (2000); Universidade Federal da Paraíba (2001); Universidade Federal Rural de Pernambuco (2005), Universidade de Passo Fundo (2005) e Universidade Federal do Ceará (2006). Em 2002, Ariano Suassuna foi tema de enredo no carnaval carioca na escola de samba Império Serrano; em 2008, foi novamente tema de enredo, desta vez da escola de samba Mancha Verde no carnaval paulista. Em 2013 sua mais famosa obra, o Auto da Compadecida foi o tema da escola de samba Pérola Negra em São Paulo. Em 1993, foi eleito para a cadeira 18 da Academia Pernambucana de Letras, cujo patrono é o escritor Afonso Olindense. Assumiu a cadeira 35 na Academia Paraibana de Letras em 9 de outubro de 2000, cujo patrono é Raul Campelo Machado. E de 1989 até o ano de sua morte, ocupou a cadeira 32 da Academia Brasileira de Letras, cujo patrono é Manuel José de Araújo Porto Alegre, o barão de Santo ngelo. Em 2004, com o apoio da ABL, a Trinca Filmes produziu um documentário intitulado O Sertão: Mundo de Ariano Suassuna, dirigido por Douglas Machado e que foi exibido na Sala José de Alencar. Em 2007, em homenagem aos oitenta anos do autor, a Rede Globo produziu a minissérie A Pedra do Reino, com direção e roteiro de Luiz Fernando Carvalho a partir de O Romance d’A Pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do Vai-e-Volt. As obras de Suassuna já foram traduzidas para o inglês, francês, espanhol, alemão, holandês, italiano e polonês. Em 2011, foi assessor especial do Governo do Estado de Pernambuco. Ariano morreu no dia 23 de julho de 2014 no Real Hospital Português, no Recife. Seu corpo foi sepultado no Cemitério Morada da Paz em Paulista, Região Metropolitana do Recife, em 24 de julho de 2014. Ariano Suassuna era torcedor do Sport Club do Recife. O clube o homenageou, dando o nome de Taça Ariano Suassuna a um torneio amistoso internacional de futebol que promove anualmente desde 2015, durante a sua pré-temporada. Diante da relevante contribuição a cultura de nosso Estado, solicito o apoio dos Nobres Pares na aprovação da proposta em tela.

SITUAÇÃO: